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PASSO FUNDO: "ONDE O SABER SE ESPRAIA"

Gutenberg desceu em espírito no corpo do ator Guto Pasini para avisar, durante a solenidade de abertura da 9ª Jornada Nacional de Literatura, ocorrida hoje (28/8), à tarde, que "mais importantes que os livros, são as pessoas". Uma encenação ao mesmo tempo bem-humorada e comovente, que trouxe para os dias de hoje as "preocupações" do inventor da prensa para com a utilidade que o homem estaria dando ao seu invento.
 
Crianças já formam a nova geração de frequentadores da Jornada

A abertura oficial da Jornada foi mesmo um espetáculo, de música, dança, atrações de circo, capoeira, apresentação de coral, teatro. Tudo isso, para cerca de 4.500 pessoas presentes no circo. Enfim, todos os elementos da arte à disposição para fazer com que a emoção marcasse os 20 anos de realização do evento. Gutenberg também veio do passado para anunciar a novidade: "Nasce aqui uma criança, que é a 1ª Jornadinha Literária", fazendo todos rir ao chamar seu filho Gutenberg Júnior, que não deixou por menos, ao anunciar que "nós vamos continuar o trabalho que vocês começaram".

A solenidade de abertura foi marcada pela presença do governador Olívio Dutra, secretários de governo, deputados federais e estaduais, o prefeito de Passo Fundo, Osvaldo Gomes, e o reitor da UPF, Ilmo Santos. No seu pronunciamento, Olívio Dutra lembrou que a apresentação artística recém vista era obra do diretor de teatro Dilmar Messias. "São provocadores, no bom sentido, da arte, porque arte que é arte não se conforma".

Ele ainda ressaltou que "os principais atores desse evento são os escritores e os leitores", fazendo questão de cumprimentar os artistas presentes antes de sair. "Os escritores, os poetas e os pensadores nos instigam a pensar mais. Eles sabem que o ser humano só se realiza plenamente sendo um ser político, exercendo a cidadania no cotidiano, onde se possa fazer, junto com outras pessoas, um mundo melhor".

Antes de iniciarem os debates, crianças de branco correram pelo circo soltando balões também brancos. Ao redor da platéia, estudantes portavam a bandeira do Brasil, do Rio Grande do Sul e demais países e estados que participam da Jornada.

PRÊMIO DE LITERATURA FOI DIVIDIDO EM DOIS

Dois escritores dividiram o maior prêmio do país e um dos maiores do mundo na categoria literária (R$ 100 mil). O Prêmio "Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura" foi entregue para Salim Miguel, com a obra NUR na escuridão e Antônio Torres, com Meu Querido Canibal. José Clemente Pozenatto recebeu menção honrosa com a obra A Cocanha. A Comissão Julgadora foi composta pelos escritores Ignácio de Loyola Brandão, Luís Coronel, Deonísio da Silva e pelos professores Paulo Becker e Tânia Rösing.
Escritores comemoram juntos
 

NUR na escuridão, de Salim Miguel, é baseado em dados reais trabalhados ficcionalmente. O autor busca resgatar a saga de uma família de imigrantes libaneses que, almejando ir para os Estados Unidos, acabam chegando ao Brasil. O núcleo central atravessa as décadas de 20 a 50, mas não possui uma cronologia fixa e circula pelo Líbano, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A estrutura do romance não é convencional e ajuda a alargar os conhecimentos sobre a cultura dos libaneses. A obra Meu Querido Canibal, de Antônio Torres, aborda a vida do líder indígena Cunhambebe e traça um painel das primeiras décadas da história brasileira.

Antes da premiação, foi entregue o troféu 20 anos de Jornada Literária, criado por Roseli Doleski Pretto, para os escritores que participaram da 1ª Jornada, em 1981: Carlos Nejar, Moacyr Scliar, Antônio Carlos Resende, Armindo Trevisan, Deonísio da Silva e Sérgio Capparelli. Também foram feitas homenagens póstumas aos escritores Josué Guimarães, Cyro Martins e Mário Quintana, além de Jorge Amado, falecido recentemente.