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Tema da globalização e identidade cultural encerra debates

Gabriela Lisbôa


A preservação da identidade cultural no contexto da globalização foi o tema discutido na última mesa redonda da 9ª Jornada Nacional de Literatura, na tarde de Sexta-feira, 31. No palco, Alberto Manguel, Cláudio Moura e Castro, Emir Sader, Frei Betto, Joel Birman e Antonio Torres (vencedor do prêmio Passo Fundo Zaffari Bourbon de Literatura), discutiram os efeitos da nova ordem mundial sobre a identidade de cada país.

Manguel iniciou o debate falando da importância de uma identidade cultural sólida, mas salientou que é preciso tomar cuidado com os exageros para que não ocorra o que aconteceu com a Alemanha no pós-guerra, quando direcionou seu patriotismo para lados nada gloriosos. Para Manguel, a globalização é a vontade das empresas multinacionais de transformar o mundo em um enorme mercado. O autor citou, ainda, uma frase de Machado de Assis no livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, que, para ele, resume bem o que é globalização: Esta nação de universalidade é a solidariedade do aborrecimento humano.

Antonio Torres, que considera o tema complexo, transportou o público aos anos de 1500, época da chegada dos colonizadores ao país. Para ele, o Brasil continua sendo um território em processo de colonização, agora por outras vias. O autor tem a sensação de que sua pátria está se construindo como um rascunho das civilizações do hemisfério norte. Sua grande esperança é de que canibalizem a globalização, em uma referência a seu último livro Meu querido canibal.

Segundo Emir Sader, quando o país está atravessando uma crise é a hora ideal para se refletir sobre sua identidade, não só cultural, mas também política e social. Para o autor, a globalização nada mais é do que uma americanização do mundo. O mundo global não é nada mais do que uma imposição de usos e costumes por parte da América do Norte que só beneficia o primeiro mundo.

Quanto a criação de uma identidade sólida, Joel Birman disse que para isso é preciso, antes de mais nada formar um campo intelectual brasileiro em contraponto ao campo internacional. As bibliografias das teses dos intelectuais brasileiros estão recheadas de citações estrangeiras, um sinal da falta de conhecimento dos grandes intelectuais nacionais.

Para Claudio de Moura Castro, PHD em economia, ensinar coisas práticas não é dar educação, mas sim ensinar a pensar. Para o economista, os alunos devem ser levados a desenvolver o espírito crítico e analítico, é preciso que ele saiba descobrir qual é a pergunta e, a partir disso, buscar a resposta.

O último a falar foi Frei Betto, conhecido nos anos de chumbo da história brasileira como Frei do Terror, o que naquela época era considerado um elogio honroso para quem lutava contra a ditadura. Para o Frei, a primeira pessoa que surgiu com o contexto de globalização foi Jesus Cristo que pregou uma religião que as pessoas poderiam seguir sem abrir mão de seus costumes. Atualmente a globalização se dá, principalmente, pela TV, que não cansa de produzir programas enlatados que inserem na sociedade novas maneiras de pensar e agir.

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