|   | 
                       
                        
                        
                  20 
                  ANOS 
                   
                   Homenageados 
                        Carlos 
                          Nejar 
                        Poemas 
                        Os 
                          cavalos  
                        Os 
                          cavalos tinham o ardor de nuvens se empinando.  
                          Vinham, inteiros, no nitrir das tardes, junto às 
                          oliveiras.  
                          Meninos em férias, focinhavam dálias. 
                          Eram exaltados,  
                          amoráveis e as ervas das crinas mugiam de verdor. 
                           
                          As pálpebras amor baixavam. E às vezes, 
                          os cavalos  
                          se riam , a dentuça à mostra. Coçavam-se 
                          nas ancas, com  
                          a ferrugem de sediciosas vespas.  
                          Eternos, quando saltam. Ou descarregam rolos de ares 
                           
                          bêbados. Todo galope é um pássaro. 
                           
                        
                         
                          Poema 
                          da devastação  
                        Há 
                          uma devastação  
                          nas coisas e nos seres,  
                          como se algum vulcão  
                          abrisse as sobrancelhas  
                          e ali, sobre esse chão,  
                          pousassem as inteiras  
                          angústias, solidões,  
                          passados desesperos  
                          e toda a condição  
                          de homem sem soleira,  
                          ventura tão curta,  
                          punição extrema.  
                          Há uma devastação  
                          nas águas e nos seres;  
                          os peixes, com seus viços,  
                          revolvem-se no umbigo  
                          deste vulcão de escamas.  
                          Há uma devastação  
                          nas plantas e nos seres;  
                          o homem recurvado  
                          com a pálpebra nos joelhos.  
                          As lavas soprarão,  
                          enquanto nós vivermos. 
                        voltar 
                         |